quinta-feira, 4 de julho de 2013

Curas (ou “graças”)

Estivemos, eu e a Sulanira, em Petrolina, cidade localizada na divisa de Pernambuco com a Bahia, a 730 quilômetros da capital pernambucana, no extremo oeste daquele estado, às margens do rio São Francisco. Concretizamos assim o desejo de conhecê-la havia muito tempo. Terminada a visita, empreendemos a viagem de volta.

Saímos de Petrolina pela manhã em direção a Garanhuns, e lá dormimos. No dia seguinte, seguimos para Recife e, no outro dia, retornamos para Natal.  

Saímos de Petrolina às oito horas e já tínhamos percorrido vários quilômetros. Acho que já estávamos na estrada há cerca de uma hora. O rádio estava ligado. Acionei o botão de procura automática de rádio. Uma emissora entrou em sintonia de repente. Dessa vez, um programa católico.

Seu apresentador era um dos padres cantores. Acho que é bem conhecido. Eu já o tinha visto na TV algumas vezes.

O padre leu um texto bíblico. Se não me engano foi no Gênesis. E citou várias vezes a palavra “Javé”... Ah, me lembrei. Foi a história de Caim e Abel.

Chamou minha atenção a forma pausada e marcante como o padre leu a porção bíblica. Ele tem uma voz medianamente grave e bonita e a empostava de forma solene, reforçando ainda mais o tom grave. Fiquei com a sensação – posso estar errado, evidentemente – de que era uma estratégia de “marketing, talvez para dar a impressão de que era “Deus falando”, o que sem dúvida poderia sensibilizar pessoas mais sugestionáveis pelo sertão afora. Bom, posso estar realmente enganado. É apenas uma divagação. Deixa pra lá.

Depois da leitura bíblica, o padre fez um comentário, do qual não me lembro exatamente. Recordo-me que logo em seguida algumas pessoas ligaram para dar seus testemunhos. Eram histórias de curas ou, como costumam dizer os católicos, “graças alcançadas”. Este é exatamente o ponto que eu quero ressaltar: curas ou “graças alcançadas”.    

Há algo que me faz refletir há muito tempo: parece que todas as religiões relatam casos de curas, pelo menos todas as que eu conheço mais de perto.

Protestantes sérios relatam curas, protestantes não lá muito sérios relatam curas, católicos relatam curas, espíritas relatam curas... outras religiões também relatam curas.

Eu não sei se você já refletiu acerca dessas experiências tão curiosas e, de certa forma, tão discrepantes.

Eu não sei se você vê todas essas experiências como algo de somenos importância e que, por conseguinte, não vale a pena perder tempo questionando-as.
 .  
Eu não sei se você é daqueles que têm uma explicação muito simplista para tais fatos.

“As curas que acontecem do lado de cá são de origem divina e as que acontecem do lado de lá são produzidas pelo opositor de Deus.”  

Na realidade, a que se pode atribuir todos esses relatos de curas?

Quem ou que está por trás de todos eles?

Teriam todos a mesma origem?

Ou não?

E ainda: por que é preciso ter fé, ou acreditar, para ser curado?

Como todas as religiões relatam curas, parece que há algo em comum entre todas elas, parece que há uma conexão entre todos esses relatos.

Eu não tenho respostas para essas questões que me incomodam há tanto tempo. Tenho apenas uma teoria, mas como é tão somente uma teoria – não teoria no sentido científico, que apresenta evidências que podem ser examinadas por qualquer um –, prefiro não comentá-la, pois também pode constranger algumas pessoas.

Lanço esse questionamento para que pessoas interessadas, que não querem simplesmente acreditar, mas conhecer a verdade sobre os fatos, reflitam sobre alguns aspectos difíceis da vida e da fé cristã.

Sei, entretanto, que alguns pesquisadores estudam esses fenômenos sob a ótica da ciência.

Quem sabe um dia tenhamos respostas bastante convincentes.

Saulo Alves de Oliveira

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