sábado, 23 de dezembro de 2017

Eu não sou um profeta, mas...

Por Saulo Alves de Oliveira

Eu não sou um profeta. Um possível (!?) verdadeiro profeta. Também não sou como alguns chamados profetas que analisam as circunstâncias, ouvem histórias, veem o que se passa ao seu redor e, para mostrar que tem algum canal direto com o Todo-poderoso, vaticinam suas previsões.

Se acontecer algo ao menos parecido, não precisa ser exato, eles recebem os louros como se fossem homens ou mulheres de Deus. Se nada acontecer, não há prejuízo algum, pois os crentes de um modo geral só dão atenção ao que de fato acontece. O que não acontece, como aquele chute para fora da rede, se perde com o passar do tempo e as mentes esquecem. Na realidade, os crentes, em sua grande maioria, salvo poucas exceções que comprovam a regra, não dão a menor atenção ao que não se cumpre.

Eu conheci um senhor, tido como “profeta”, muito famoso em uma determinada Igreja, que há muitos anos profetizou assim: “Daqui a 180 dias a terra irá tremer”. Eu estava presente à reunião. Então fiz os cálculos e constatei que coincidiria com um grande evento que ocorreria 180 dias depois naquela mesma Igreja. Era uma convenção nacional. Passaram-se os 180 dias. A convenção transcorreu normalmente e nada aconteceu, a terra não tremeu. Ainda que outra terra em sentido figurado.

O profeta continuou sua vida de profecias, prestigiado, sendo procurado por muitos. Hoje, não tenho notícias desse senhor nem sei se continua sendo procurado pelos que precisam ouvir “Deus” falar.
 
Eu não sou um profeta, nem pretendo sê-lo. Apenas analiso o momento que estamos vivendo e, sendo racional, posso prever alguma coisa. Portanto, eis aí uma “profecia”. Anotem.

Hoje é a vez das Universidades serem invadidas e seus reitores e professores levados coercitivamente. Em outro momento, talvez não muito distante, será a vez das Igrejas. Templos serão invadidos e seus pastores conduzidos coercitivamente. E os agentes da exceção não serão os “comunistas”, não, como alguns tolos acreditam, e alguns maldosos, com plena consciência do que dizem e fazem, divulgam. O motivo: não precisa de motivo, inventa-se um. Mas, quem sabe comecem pelos dízimos e ofertas!

O Brasil vive dias de exceção, que, se não for contida pelas forças democráticas e as pessoas do bem, poderá descambar com certeza para o negrume de uma ditadura. Do Judiciário? Militar? Quem sabe!

Muitos, no entanto, ainda não se deram conta porque a fúria persecutória do Judiciário, MP e PF hoje está voltada apenas para os desafetos daqueles muitos. Quando os agentes encapuzados, com roupa camuflada e de armas nas mãos invadirem as Igrejas será tarde demais para reagir.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Macaco, cuidado com o rabo!

Por Saulo Alves de Oliveira

Quando eu era criança me contavam uma historinha bem infantil, que tem, todavia, uma lição moral interessante. Não é nada inédito. Acredito que muitos a conhecem.

Dois macacos estavam sentados na linha do trem. Vou chamá-los de Sebas e Tião. Um deles, Sebas, sempre preocupado com o rabo do outro, dizia assim: Tião, cuidado com o teu rabo sobre a linha do trem, pois o trem pode passar e cortá-lo. Ele repetia isso diversas vezes, já se tornara inconveniente, e se esquecia do seu próprio rabo sobre a linha do trem.

Mais uma vez lá vinha Sebas: Tião, cuidado com o teu rabo sobre a linha do trem, pois o trem pode passar e cortá-lo. E, como sempre, esquecia do seu próprio rabo.

Aí veio o trem e o macaco Sebas, de tanta fixação, quase doentia, no rabo do outro, não percebeu sua aproximação. Resultado: perdeu o próprio rabo.

Há pessoas que se preocupam tanto em acusar e apontar os erros dos outros e colocá-los no inferno, tudo é motivo para jogar alguém no inferno, às vezes ainda em vida, que talvez um dia, quando fecharem os olhos e voltarem a abri-los novamente do outro lado, verão Satanás sorridente à sua frente, braços abertos para abraçá-los, saudando-os: "Bem-vindos ao meu reino amigos meus. Vocês são ansiosamente aguardados aqui no inferno”.

E quanto ao Tião? Bem, na versão que me contaram nada mais se falou sobre o Tião. Acredito que voltou para as árvores com o rabo intacto.  

sábado, 11 de novembro de 2017

Se sua filha fosse estuprada e engravidasse, o que você faria?

Por favor, não leia apenas essa questão. Pare e reflita um pouco para responder a você mesmo.

Muitas pessoas são contrárias ao aborto em quaisquer circunstâncias, especialmente os religiosos fundamentalistas. No entanto, se alguém das suas famílias fosse vítima do crime hediondo de estupro, como eles ou elas reagiriam? E você?

Vamos imaginar um caso possível, porém espero que você jamais passe por tal situação.   

Você, pai e/ou mãe, tem uma filha adolescente que acabou de completar doze anos. Sua filha é estuprada por um bandido assaltante ou mesmo por um facínora conhecido e, infelizmente, engravida desse crápula.

Sua filha não quer de forma alguma ter esse filho. Então, o que você faria:

- Obrigaria sua filha a levar a gravidez até o fim contra a vontade dela?

- Ou levaria sua filha a uma clínica especializada para fazer um aborto com todos os cuidados médicos possíveis?

E, no caso dos homens, se no lugar da sua filha fosse sua mulher?

Ou você é daquelas pessoas que dizem “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço?”

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Perseguição implacável: gnu versus mabeco

Por Saulo Alves de Oliveira

Gnu, mamífero nativo do continente africano 
É deslumbrante ver a Natureza em toda sua plenitude e exuberância, porém alguns acontecimentos naturais me chocam profundamente. Algumas cenas me perturbam e mexem com o meu íntimo. Ontem eu vi em um vídeo algumas dessas imagens.

Nas savanas africanas, mabecos, também conhecidos como cães-selvagens-africanos, perseguem um gnu até o esgotamento total de suas forças.

O gnu, desesperado, lutando pela vida, corre à frente e cerca de 15 ou 20 cães selvagens o perseguem até à exaustão. Quando perde todas as forças e começa a faltar-lhe o ar, o gnu cai prostrado no chão e os mabecos, com o infeliz animal ainda vivo, começam a devorá-lo.

No início e por algum tempo o gnu emite sons guturais próprios da espécie, algo semelhante a um mugido, e urros de dor e desespero, enquanto a matilha indiferente ao sofrimento da presa puxa-lhe as carnes com seus dentes afiados. Depois o pobre animal sucumbe e silencia, e a carnificina continua.

Há quem afirma que a Natureza é perfeita. Tenho cá minhas interrogações.

Sem dúvida, há muitas coisas belas na Natureza, porém essa mesma Natureza que nos brinda com uma bela Lua cheia ou um pôr do Sol maravilhoso, também nos proporciona espetáculos tristes e feios, e de morbidez assustadora.

Cão-selvagem-africano, também nativo da África

Os cães selvagens são maus? Não! Eles simplesmente lutam pela sobrevivência e executam aquilo que a própria Natureza os ensinou a fazer para garantir a perpetuação da sua espécie. É preciso matar para viver. É chocante, mas essa é a realidade da vida. Eles próprios, “assassinos” das planícies africanas, muitas vezes também são devorados por outros predadores em espetáculos igualmente deprimentes.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A pior prisão é a da mente

Por Saulo Alves de Oliveira

Não sei quem fez a afirmação que dá título a este comentário, porém concordo com o autor.
  

Stephen Hawking é um brilhante físico e cosmólogo britânico. Um dos maiores cientistas da atualidade. Eu tenho grande admiração pelo seu trabalho e por sua inigualável força de vontade.

Desde muito jovem, por volta dos vinte anos – hoje ele tem 75 anos de idade –, o Dr. Hawking foi diagnosticado como sendo portador de uma doença rara conhecida como esclerose lateral amiotróficaÉ uma doença degenerativa que paralisa o movimento dos músculos. Trata-se de um mal incurável que já atingiu todo o seu corpo, mas não afeta as funções cerebrais, portanto sua mente tem feito importantes contribuições à Ciência. Ele usava os músculos da bochecha e agora usa os movimentos dos olhos para gerar palavras em um sintetizador de voz e assim se comunicar com as pessoas. Há décadas, seu corpo está preso a uma cadeira de rodas – ele nem sequer tem controle da musculatura para manter a cabeça erguida –, no entanto sua mente está livre para "viajar" pelo espaço, para pensar, para questionar, para duvidar.

Um corpo preso em uma mente livre.

Ao contrário de Hawking, quantos, em pleno século 21, têm os corpos livres, porém suas mentes estão presas às superstições e crendices populares!

Uma amiga minha acredita que ter em casa uma planta chamada espada de São Jorge pode atrair espíritos maus. Ao contrário disso, por mais paradoxal que possa parecer, há também aqueles que acreditam que a espada de São Jorge é uma planta infalível para repelir o mal, para afastar feitiços e magias negativas. Outros acreditam em agouros ou mau-olhado. Eu só tenho a lamentar que as mentes de tais pessoas se deixem influenciar por crenças tão primitivas. Seus corpos estão no século 21, porém suas cabeças estão séculos atrasadas.

Ainda hoje há pessoas que acreditam que uma toalhinha ungida, um copo com água orada, água benta ou benzida, passes espirituais, a Bíblia aberta no salmo 91, ser um “parceiro” de Deus, ser um “patrocinador” da obra ou uma boa oferta de amor – esta última é muito apreciada pelos exploradores da fé – são capazes de produzir milagres ou atrair o sucesso. 

Quantos ainda acreditam que um fenômeno natural como a "lua de sangue" é um presságio de coisas ruins que podem vir sobre a Terra!

Lamentavelmente, sempre foi assim. No passado, os eclipses do Sol e da Lua, os vulcões, terremotos, tempestades, epidemias, pragas e outros fenômenos naturais eram tidos como demonstrações da insatisfação dos deuses em relação aos humanos pecadores, o que levava muitos povos a oferecer sacrifícios de animais e até de seres humanos para aplacar a ira das divindades.

Com todas as descobertas científicas do nosso tempo, ainda hoje há quem pensa assim. Meu Deus! São mentes presas na ignorância e no obscurantismo medievais, quando bruxas e hereges eram queimados vivos nas fogueiras da Santa (sic) Inquisição.  

Como dizia Carl Sagan em seu espetacular e libertador livro "O mundo assombrado pelos demônios", são esses os demônios que assombram as pessoas.

Até quando sofreremos as consequências da nossa ignorância?

Não tenho esperança de ver a humanidade livre das crendices e superstições ainda nos anos da minha vida.

Todavia, uma alegria eu tenho: os que estão muito próximos a mim estão todos livres.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Ecos da Santa (sic) Inquisição

Por Saulo Alves de Oliveira

Os discursos de padres e pastores fundamentalistas e fanáticos são extremamente preocupantes, além de perigosos, pois influenciam muitas mentes fracas.

O momento político que vimos atravessando, sobretudo nos últimos cinco anos, parece que ajudou a liberar todas as bestas-feras que ainda estavam presas nas profundezas das batinas e dos paletós, nas sacristias e nos gabinetes pastorais.

Eu estou vendo a hora ateus, homossexuais, hereges, “bruxas” e “esquerdopatas” serem queimados vivos em praça pública. Parece que a madeira para as fogueiras já foi cortada e está secando em algum templo para arder em brasa mais facilmente ao menor contato com a faísca. E acho que muita gente vai vibrar com o cheiro de carne humana subindo aos céus.

Não poderia ser diferente. Pudera! Com esses pastores e padres fundamentalistas e fanáticos brandindo “o martelo das bruxas” todos os dias na TV, rádios, internet e Congresso Nacional só podíamos estar retroagindo à Idade Média. Já sinto no ar ecos da repugnante Santa (sic) Inquisição.

Urge que a lucidez reaja às trevas do obscurantismo medieval que nos ameaça em pleno século 21.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

É sempre assim...

Por Saulo Alves de Oliveira

Todo aquele que está do lado do povo, sobretudo dos mais pobres, é combatido e, às vezes, eliminado pelas elites dominantes. Isso acontece há milhares de anos. Teve um que foi assassinado há muito tempo, acho que há cerca de dois mil anos. E o pior: tais elites convencem parte do povo, dentre os mais pobres, a se colocar do seu lado. Lembro agora dos capitães do mato que perseguiam seus iguais negros e ficavam do lado da Casa Grande.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Lampejo sobre fanatismo religioso (2)

Por Saulo Alves de Oliveira

Eu tenho a impressão de que alguns fanáticos religiosos vibrarão de alegria ao tomarem conhecimento de que os líderes loucos dos Estados Unidos e da Coreia do Norte dispararam suas armas nucleares um contra o outro.

E sabe por quê?

“Ora, quando estas coisas começarem a acontecer... a vossa redenção está próxima.” Lucas 21:28.

sábado, 9 de setembro de 2017

Silas Malafaia ou Caio Fábio?

Quem entrará no céu?

Por Saulo Alves de Oliveira

Eu vi recentemente dois vídeos, um com o Silas Malafaia e outro com o Caio Fábio. Como passava da meia-noite, eu já estava na cama e navegava com o celular.

Aí eu fiquei imaginando qual seria a reação dos dois ao chegarem no céu.

Assim eu pensava. Tenho a impressão de que ambos não aceitarão a presença do outro lá.

Os dois entram? .

Silas entra e Caio não?

Caio entra e Silas não?

Os dois não entram?

Qual é a resposta a todas essas perguntas? Sinceramente, não sei.

Já pensou se os dois chegarem na porta do céu ao mesmo tempo!

Com esses pensamentos, de repente me vejo em um ambiente muito claro e amplo. Parece uma enorme sala de recepção. As paredes e o teto são feitos de um material transparente que foge à minha compreensão. Olho para cima, não vejo estrelas, só a imensidão; olho para os lados, nada de plantas ou construções, só a imensidão. No entanto eu sei que o ambiente tem limites. Mais à frente, uma grande e bela porta chama a atenção. A porta está fechada. Parece de madeira, mas eu sei que não é madeira. É de um material totalmente diferente do que eu já tinha visto antes. Ao seu lado, uma grande mesa do mesmo material da porta.    

De repente a porta se abre e de lá sai um ser diferente de todos os que eu já vi, acho que é um anjo. Estimo sua altura em cerca de dois metros. Em uma de suas mãos há um objeto que não consigo identificar de imediato. Quatro outros seres, com a mesma aparência, acompanham aquele que parece ser o chefe. O anjo chefe se posiciona atrás da mesa e os outros quatro ficam mais atrás, dois de cada lado. O anjo põe o objeto sobre a mesa e então percebo que é um livro. O anjo abre o livro e começa a passar suas páginas.

Na grande sala, vindas de todas as partes do mundo, já há várias pessoas aguardando a chamada do anjo. O anjo procura no livro os nomes dos felizardos que serão convidados a entrar no céu.

Os dois senhores estão no meio do grupo, porém ainda não se viram.

Nesse momento a voz suave do anjo ecoa em todo o ambiente, como se viesse de vários alto-falantes, mas não há alto-falantes nem microfone. E eu não entendo o mistério. Começa a chamada. Glória, João, Maria, Sebastião... E os dois, ansiosos, aguardam ouvir os seus nomes.

Repentinamente, ouve-se, mais atrás, o barulho de alguém que vibra de felicidade ao escutar seu nome. Os dois movimentam suas cabeças na direção do alvoroço para ver quem é o felizardo. Nesse exato momento, eles se veem. Os dois cruzam os olhares abruptamente e dizem ao mesmo tempo: Você aqui? Não é possível!

Surpresa total.

Sabe quando nós encontramos alguém em determinado local e temos em mente que tal pessoa jamais deveria estar ali? Essa foi a reação de ambos.

Continua a chamada. Joana, Pedro, Paulo, Francisca...

De repente, ouço o anjo chamar “Vovô, Vovô”. Pergunto-me: quem é esse que tem o nome Vovô?

Ao abrir os olhos vejo minha neta ao lado da minha cama. “Ouvi um barulho estranho na janela do meu quarto”.

Qual deles o anjo chamou? Os dois? Não sei. Eu não estava mais lá.

Quem ouvirá as palavras: Vinde, benditos de meu Pai...?  

Quem ouvirá as palavras: Apartai-vos de mim, malditos...?

Eu tenho a impressão de que ou os dois não ouvirão as primeiras palavras ou apenas um ouvirá as primeiras palavras.

Todavia, se ambos ouvirem as primeiras palavras, eu acho que os dois não aceitarão ficar juntos no mesmo local.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Crimes de guerra contra Hiroshima e Nagasaki

Por Saulo Alves de Oliveira

No dia 6 de agosto de 1945, portanto há 72 anos, os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima. Três dias depois, em 9 de agosto, o governo dos Estados Unidos reincidiu no mesmo crime: lançou outra bomba atômica sobre o Japão. Desta feita, o alvo foi a cidade japonesa de Nagasaki. Milhares de seres humanos morreram instantaneamente e, nos dias que se seguiram aos lançamentos, dezenas de milhares também morreram.

Seres humanos que acreditavam no "Príncipe da Paz" – Harry Truman, presidente dos Estados Unidos, era um cristão batista – jogaram as duas primeiras, e até agora únicas, bombas atômicas sobre duas cidades repletas de outros seres humanos, seus semelhantes. Há cálculos que estimam o número de mortos entre 200 mil e 250 mil pessoas.

É uma ironia ou não?

Servos do “Príncipe da Paz”, aquele famoso pregador que disse “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, fizeram muitas pessoas evaporarem, literalmente, em um instante, sob o intenso calor provocado pelas explosões dos artefatos atômicos. Milhares de moradores foram carbonizados. De outros, os olhos lhes saltaram das órbitas e as carnes derreteram sobre seus ossos. Nos anos seguintes, milhares que não estavam no centro das explosões morreram de câncer provocado pela radiação nuclear. Realmente foram ações dignas de filhos da luz (sic). Esperem um pouco! Da luz ou das trevas? Somente os filhos de Satã são capazes de perpetrar crimes tão infames.   

Há quem tenta minimizar os crimes cometidos pelo exército do Tio Sam afirmando que “os Estados Unidos estavam no seu canto e foram agredidos sem razão pelos japoneses, que bombardearam de surpresa a base norte-americana de Pearl Harbor”. No ataque japonês cerca de 2.403 pessoas foram mortas e 1.178 ficaram feridas. 

Pergunto a você: se o Brasil fosse agredido pela Argentina ou Venezuela, por exemplo, você apoiaria que o governo brasileiro – se o nosso país tivesse armas atômicas ou nucleares – lançasse uma bomba no centro de Buenos Aires ou Caracas?

(É uma pena que alguns maus brasileiros, canalhas mesmo, sabe-se lá com qual intenção, que governaram o Brasil há alguns anos, fizeram o nosso País abrir mão da tecnologia das armas nucleares. Não que devêssemos possuí-las para agredir outros países, mas para dissuadir qualquer tentativa de invasão do nosso território por qualquer potência militar com o intuito de se apoderar das nossas riquezas naturais, especialmente no que tange ao comportamento covarde dos Estrados Unidos que são useiros e vezeiros na arte de agredir ou invadir países que não podem se defender frente à sua poderosíssima máquina de guerra.)     

Confesso-lhes que me assusta o fato de alguns que se dizem cristãos (sic) não qualificarem os atos cometidos pelo governo norte-americano no final da 2ª Guerra Mundial como crimes hediondos. Sinceramente, não sei porque isso ainda me surpreende. Será que ser cristão é condição “sine qua non” para ter um espírito benevolente e pacífico? Confesso-lhes que a cada dia aumentam as minhas dúvidas a esse respeito. Já estou no limiar de desacreditar totalmente.

Não foram ataques específicos a navios e aviões de guerra, ou a bases navais ou aéreas japonesas, ou mesmo a instalações militares de um modo geral. Não foram ataques a fábricas ou depósitos de armas, tampouco a centrais de comunicação do Japão. Os Estados Unidos jogaram duas bombas atômicas em duas cidades japonesas repletas de civis, isto é, homens, mulheres e crianças. Dezenas de milhares de pessoas inocentes morreram em segundos ou minutos, e também nos dias que se seguiram aos ataques, chegando a centenas de milhares de mortos.

Não entendo como pessoas que certamente se julgam filhos de Deus e herdeiros dos céus não têm essa percepção. Para mim é extremamente decepcionante, a ponto de um certo desânimo envolver o meu espírito em relação ao ser humano. Foi por isso que há dias eu escrevi um texto dizendo que “A humanidade não deu certo”.

Se o mundo fosse menos imperfeito ou se eventualmente os Estados Unidos não tivessem ganhado a guerra, com certeza o presidente Harry Truman, que autorizou os ataques, e os seus generais teriam sido julgados por crimes contra a humanidade, pois foi exatamente isso o que eles cometeram.

As atitudes de Harry Truman, dos seus generais e dos pilotos dos aviões que executaram as ordens são igualmente imperdoáveis.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Há religiosos que matam em nome de Deus

Por Saulo Alves de Oliveira

Há alguns dias, assistindo a um programa sobre religiões, eu ouvi a seguinte frase: “Religiosos, por sua fé, matam outras pessoas porque, dizem eles, essa é a vontade de Deus”.

A propósito desse tema, você sabe quem disse as palavras abaixo?
 
"Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas… Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas… Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados… Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte… Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus… Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos]… Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadora, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto… Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade… Portanto, fora com eles… Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus."

Num primeiro momento pode parecer que foi Adolf Hitler. Todavia não foi o líder nazista que assim se expressou. Talvez Hitler tenha dito coisas ainda piores. Por mais absurdo que possa parecer, o autor das palavras acima foi Martinho Lutero, o grande reformador do cristianismo. O homem que teve a revelação de Deus para promover a Reforma Protestante não teve a revelação de Deus para compreender ou aceitar a condição dos judeus como seres superiores aos demais povos – tal como os veem os evangélicos (sic).

O caso de Lutero é citado apenas para mostrar que às vezes pessoas bem intencionadas e até sinceras em sua fé são capazes de coisas absurdas, quando se deixam levar pelo fundamentalismo religioso ou pelo fanatismo, ou por interpretações literais dos seus livros sagrados, chegando inclusive a matar. Em qualquer religião é assim.

Não são só os muçulmanos, não. Qualquer fundamentalista fanático mata em nome de Deus. Os muçulmanos estão fazendo hoje o que os cristãos e os judeus fizeram no passado.

Quando um muçulmano coloca explosivos em um cinto e se autoexplode, levando consigo muitas pessoas, ele o faz achando que está fazendo a vontade de Alá, seu Deus.

As Cruzadas eram movimentos militares de inspiração cristã que tinham como objetivo libertar a Palestina e Jerusalém do domínio muçulmano entre os séculos XI e XIII.

Eram dois grupos religiosos, cristãos e muçulmanos, que se matavam cruelmente, ambos julgando-se certos e a serviço de Deus. Eis aí o grande problema. Os dois grupos matavam-se achando, ambos, que estavam fazendo a vontade de Deus. Isso é o que mais me incomoda.

A Inquisição católica matou muita gente achando que estava fazendo a vontade de Deus ao livrar o mundo das heresias.

Vou citar outro exemplo mais próximo, não tão grave quanto os citados acima. Quem conviveu comigo na Igreja deve se lembrar que na nossa adolescência e juventude jogar bola ou ir ao cinema era pecado. Ter uma TV em casa também era pecado. Ir à praia era pecado. Passear numa praça era pecado. Por quê? Porque os nossos líderes interpretavam assim os ensinamentos da Bíblia. Eram pessoas bem intencionadas, porém fundamentalistas e, em alguns casos, fanáticas. E esse fanatismo em um grau elevado pode levar ao cúmulo da intolerância, isto é, matar os discordantes ou “hereges”.

O fanático perde totalmente a capacidade de perceber quão imoral é a sua atitude.

O fundamentalista fanático pensa mais ou menos assim: “Eu estou do lado de Deus. Deus está comigo. Deus me ordenou matar o infiel. A sua santa palavra me diz: Não retenhas a tua espada contra os infiéis. Aquele ali é um infiel. Então eu vou matá-lo porque assim eu estou fazendo a vontade do meu Deus.”

Eis o grande perigo de qualquer religião fundamentalista. Pretender converter os “infiéis” pela força, podendo chegar ao extremo de matá-los, caso estes não se submetam aos ditames da sua religião. Infelizmente, existem vários exemplos desse tipo na história da humanidade. 

domingo, 6 de agosto de 2017

Um dia a vítima pode ser você

Por Saulo Alves de Oliveira

Há dias eu vi uma cena que me chocou. Policiais atiraram em dois rapazes -  criminosos, não se pode negar -, caídos no chão, matando-os.

Uma coisa é o policial matar um bandido ou criminoso em um confronto, quando sua vida e a dos seus iguais estão em perigo. O bom policial tem todo o meu apoio. Outra coisa bem diferente é esse mesmo policial matar friamente alguém ferido, caído no chão, que não oferece nenhuma resistência, ainda que seja um bandido. Isso é a decadência moral da civilização, que, ao invés de avançar, regride. Não cabe ao policial fazer “justiça” com as próprias mãos.

O policial que age assim está no mesmo nível moral daquele que ele acaba de eliminar. Eu acrescentaria: na realidade tal policial está em um patamar moral abaixo do bandido, pois ele é um agente do Estado e da lei e a ele cabe cumprir rigorosamente a lei.

O policial que mata um bandido desarmado, dominado e deitado no chão é um bandido policial, ou melhor, é um bandido pior do que o bandido morto. A diferença entre este e aquele é que aquele faz o mal usando a própria roupa e as armas que recebe do Estado para combater o mal.

O Estado que não impede que isso aconteça ou pelo menos não pune o bandido policial é um Estado bandido.

Lamentavelmente, ainda há alguns "filhos" de Deus, que se autodenominam cidadãos dos céus, povo especial, cheios do amor de Cristo (sic) que louvam e vibram com a atitude de bandidos policiais. Isso é a demonstração de algo que eu venho observando há algum tempo: ter uma religião, qualquer que seja ela, não é condição “sine qua non” para ter um caráter moral elevado.

Imagine seu parente ou você mesmo, isto é, você que louva a atitude dos maus policiais, ser abordado por um bandido policial que lhe tem, por engano, como suspeito, de preferência longe da vista de outras pessoas!

O policial que é capaz de matar um bandido caído no chão, rendido, também é capaz de tratar você, dependendo das circunstâncias, com violência e sem o menor respeito ou, quem sabe, chegar ao clímax da violência contra um ser humano.

O policial que age dessa forma se achará no direito - dependendo do julgamento pessoal que ele fizer de uma determinada situação - de fazer o mesmo com qualquer cidadão do bem.    

Portanto, pense bem antes de elogiar um mau policial, isto é, aquele que extrapola criminosamente os limites das suas funções. Um dia a vítima pode ser você.     

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Jumentice ou canalhice?

Por Saulo Alves de Oliveira

Infelizmente, vivemos dias tenebrosos no Brasil de hoje. Trata-se de uma época em que, para algumas pessoas, o que menos interessa é a verdade. Se uma notícia é falsa, mas denigre a imagem de um desafeto, joga-se aos quatro ventos ou publica-se em letras garrafais.

Uma pessoa publicou no Facebook imagens de um homem que saía de um hotel em Monte Carlo, Mônaco, e, logo após, entrava em uma Ferrari dourada. Segundo o texto, o veículo era do Lulinha, filho do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva.

Evidentemente, a intenção é mesmo incutir no imaginário popular que o filho do Lula é proprietário de um veículo caríssimo – no falso texto, dourado quer dizer da cor do ouro ou banhado a ouro? No contexto, o propósito é denegrir intencionalmente sua imagem, e, por tabela, a imagem do ex-Presidente. Nas entrelinhas: os defensores do Lula falam na possibilidade de ajudá-lo financeiramente, enquanto seu filho desfila em uma Ferrari dourada, talvez adquirida com recursos ilícitos.

Diante dessa situação, a pessoa denominava de “jumentos” aqueles que pretendem colaborar financeiramente com o Lula frente à injustiça da sua condenação pelo juiz parcial de Curitiba, Sr. Sérgio Moro, que bloqueou todos os recursos do ex-Presidente.

Acontece que a notícia da Ferrari do filho do Lula é falsa. E a pessoa nem ao menos se deu ao trabalho de checar sua veracidade. Lamentavelmente, eu sei que essa pessoa não teve o menor interesse em verificar, antes de publicar, se a informação é verdadeira ou não. O ódio ao ex-Presidente e sua família embrutece sua mente. Tira-lhe o tino.

Só existem duas explicações para tal procedimento: jumentice ou canalhice. Eu preferiria que a alternativa correta fosse a primeira, todavia não acredito nessa hipótese.

Quanto a contribuir com o ex-Presidente Lula, cada um deve fazê-lo ou não de livre e espontânea vontade, como é o meu caso. Todavia, se tal atitude é jumentice, sinceramente eu prefiro ser um jumento do que ser um canalha.