terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Os habitantes da nova Terra terão livre arbítrio?

Por Saulo Alves de Oliveira

De vez em quando eu me vejo refletindo sobre a questão do livre arbítrio. O livre arbítrio, embora tenha alguns aspectos questionáveis, me parece um tema muito mais palatável, e até certo ponto racional, do que a doutrina da predestinação, uma das coisas mais terríveis e injustas que eu já ouvi falar.  

De acordo com o criacionismo, Deus fez pessoalmente o primeiro casal e o colocou num lugar chamado Jardim do Éden, há cerca de 6.000 anos. A teologia cristã também diz que Deus os fez, homem e mulher, com o livre arbítrio, ou seja, com a capacidade de escolher ou o bem ou o mal, pois, se não tivessem livre arbítrio, os primeiros seres humanos seriam como robôs, verdadeiros autômatos, isto é, indivíduos que obedeceriam à vontade alheia e não por escolha própria. Portanto, homem e mulher obedeceriam a Deus por obrigação, não por opção. Consequentemente, não seriam felizes. Mais ou menos assim tentam justificar os defensores do livre arbítrio.

Lamentavelmente, porém, os primeiros seres humanos escolheram o mal, isto é, se rebelaram contra Deus, e, como consequência dessa escolha voluntária, toda sorte de males – doenças, injustiças, guerras, dores, fome, morte, calamidades naturais, pestes, trabalho pesado... – caíram sobre si e sobre todos os seres humanos que vieram depois, e ainda hoje a humanidade paga pelo erros de Adão e Eva.

(Desculpem-me, mas essa é uma teologia em relação à qual eu não tenho nenhuma simpatia. Eu não posso ser responsabilizado por erros cometidos por outras pessoas há cerca de 6.000 anos. Eu não posso ser responsabilizado nem ao menos pelos erros dos meus pais. Por que eu deveria sofrer as consequências de erros cometidos quando eu nem sequer existia? Eu sou responsável e devo pagar pelos meus próprios pecados.)

Todavia, de acordo com a Bíblia, Jesus veio ao mundo para redimir o ser humano e assim restaurá-lo à sua condição primeira, e essa redenção dar-se-á também com a criação de novo Céu e nova Terra, onde os salvos, isto é, os seres restaurados, irão morar. Deus restaurará a Terra à sua condição original.

Com esses pensamentos em mente, eu estava me questionando: os habitantes da nova Terra terão livre arbítrio?

Alguém pode achar que é uma pergunta tola, mas não é. Qualquer que seja a resposta ela encerra implicações profundas.

Senão, vejamos.

Se haverá livre arbítrio na nova Terra, acho que é perfeitamente razoável que se faça a seguinte pergunta: nesse lugar de criaturas livres haverá liberdade de escolha, e Deus também permitirá a possibilidade dos seres restaurados escolherem o mal, como fez no princípio?

Se a resposta for sim, isso quer dizer que também haverá a possibilidade de nova queda e aí nós poderemos entrar numa sequência interminável de quedas e restaurações.

Se a resposta for não, então haverá apenas uma restauração de todas as coisas, entretanto isso quer dizer que os seres desse novo Céu e nova Terra, preparados por Deus, não terão a liberdade de escolher o mal, portanto eles serão como autômatos, sem o direito de fazer escolhas entre o bem e o mal.

Todavia, isso nos leva a outra questão: nessa nova condição de autômatos, os seres restaurados serão felizes?

Se sim, concluo que Deus poderia ter adotado essa mesma solução no princípio da Criação, o que teria evitado, evidentemente, todos os problemas e todo mal e sofrimento que a humanidade tem enfrentado até hoje em consequência da queda dos nossos primeiros pais.

Se não, então serão autômatos e infelizes, portanto na nova Terra, no lugar que Deus preparou para os seres humanos restaurados, haverá sofrimento, haja vista que infelicidade também é sinônimo de sofrimento.

Há, talvez, outras considerações a fazer. Por exemplo: alguém pode alegar que o princípio, a causa primeva do mal, Satanás, estará preso em prisões eternas e dessa forma não poderá mais investir contra a Criação restaurada. Lamentavelmente, esse fato não resolve a questão em definitivo, posto que, se assim é, por que Deus não adotou essa solução no princípio da Criação?

Bom, acho que é melhor ficar por aqui. Parece-me que o assunto é bastante complexo. Esta pequena reflexão é só para instigá-lo a pensar... o que eu já venho fazendo há um bom tempo. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Oh! Quanto altruísmo!

Por Saulo Alves de Oliveira

Quando um cristão “salvo e remido no sangue de Jesus” (sic) chama a Presidente Dilma de anta ou o Lula de molusco, meu ser exclama: Oh! Quanto altruísmo! Esse é o verdadeiro cristão regenerado, transformado. Realmente, para ele ou ela as coisas velhas se passaram, e eis que tudo se fez novo!

Eu sei que há substantivos ou adjetivos bem mais jocosos do que estes, portanto mais compatíveis com todos os ensinamentos do mestre dos cristãos. Mas, anta e molusco, são tão legais, não é mesmo? Soam tão agradáveis. Melhor que ladrão, nove dedos, quadrilheiro, Ali Babá, etc.

É uma demonstração tão grande de amor ao próximo que me emociona. É o tipo de pessoa que vai direto para o Céu, nem sequer passa no cemitério.

Joga Fidel Castro nas profundezas do inferno e deseja que o Lula vá encontrá-lo lá em breve. Lá mesmo, na morada de Satã. Quanto amor, meu Deus! O coração dessa pessoa deve estar cheio de bondade, pois a boca fala do que o coração está cheio.

Uma demonstração de espírito muito elevado é chamar os adversários políticos de esquerdopatas. Eu vibro com isso e meu espírito também se regozija. E quando sai da boca de um pastor, melhor ainda. Eu sinto uma verdadeira explosão de alegria quando leio ou escuto tais expressões. Que belo exemplo!

É tão inspirador que às vezes eu sou tentado a seguir o exemplo desses cristãos sinceros e contritos. Ainda não cedi à tentação, mas quem sabe, em breve...

Afinal, não foi exatamente isso que Jesus ensinou?

Ele disse assim: “Quando alguém te bater na face direita, reaja com a mesma intensidade, ou melhor, com maior intensidade, de preferência com o punho cerrado, na sua face esquerda”.

Vejam só, Ele disse bata na esquerda!

É isso pessoal, os cristãos, os verdadeiros discípulos de Cristo, devem xingar e continuar xingando com veemência seus adversários políticos, pois são exemplo para o mundo, além de serem o sal da Terra.

Se o cristão não salgar, o mundo apodrece, não é mesmo?

Para que serve o sal se for insípido? Para que serve o cristão que trata a todos com respeito? Discorda com educação? E está pronto a responder com mansidão? Para nada, não é? Serve apenas para ser pisado pelos esquerdistas filhos de Satã, os quais, quer acreditem ou não, serão lançados no lago de fogo eterno.

E quando Jesus separar os bodes das ovelhas, todos os cristãos que querem acabar com a anta e esmagar o molusco, com certeza estarão entre as ovelhas.

E ouvirão as seguintes palavras: “Vinde benditos de meu Pai, para o lugar que vos está preparado desde a fundação do mundo, pois quando vós xingastes os vossos adversários, estáveis fazendo exatamente a vontade do meu Pai”.

(Aqui pra nós: bodes são os esquerdopatas, a anta e o molusco.)