quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O mal só existe quando há consciência do mal?

Por Saulo Alves de Oliveira

A existência do mal é algo que sempre me incomodou.

O mal é tudo aquilo que provoca dor ou sofrimento a qualquer ser vivo, ainda que seja por opção deste.

Por que ou para que existe o mal? Qual o seu propósito? Não sei.

O mal só existe quando quem o pratica ou quando o agente que o provoca tem consciência do mal?

Vejam o caso de um tsunami¹.

Um tsunami¹ tem consciência da devastação e das perdas irreparáveis que impõe a uma população? Não, obviamente. A pergunta vale para qualquer outro desastre natural. E a resposta é a mesma.

Eu penso que um tsunami¹ ou qualquer outro fenômeno natural que provoca devastação e perdas são coisas más, pois matam, destroem, deixam muitos órfãos, causam deformidades físicas ou mentais, pobreza e muita miséria.

Uma criança que mata outra criança, acidental ou mesmo propositalmente, tem consciência do mal que praticou? Acredito que todos concordam com o não.

Tal fato, todavia, quer dizer que a morte da outra criança não é um mal? Mais uma vez a resposta é não. Evidentemente, a criança não tem consciência do mal, portanto não deve sofrer as consequências do seu ato, mas a sua ação é terrivelmente má.

O mesmo raciocínio vale para qualquer animal quando ataca um ser humano ou mesmo outro animal.

Certamente não preciso me referir aos verdadeiros loucos ou esquizofrênicos, pois o raciocínio também é o mesmo.

Eu penso que, para o mal ficar caracterizado com exatidão, não é indispensável que os envolvidos tenham consciência do mal, mas sem dúvida deve haver alguma consciência, mesmo fora do evento, que observa e identifica o mal, isto é, um ser pensante, que pode ser eu, você ou outro ser humano qualquer, com suas faculdades mentais perfeitas e capaz de identificar a dor e o sofrimento do outro ser vivo.

¹Tsunami: série de grandes ondas que invadem a terra, às vezes atingindo vários quilômetros adentro do continente ou de uma ilha. Os tsunamis são causados por terremotos no fundo do oceano que elevam grandes volumes de água, por erupções vulcânicas ou por gigantescos deslizamentos de terra que precipitam no mar enormes volumes de terra e rocha. Só para dar uma ideia do poder destrutivo ou maléfico de um tsunami. Em dezembro de 2004 um tsunami no Oceano Índico atingiu 13 países, dentre os quais Indonésia, Sri Lanka, Índia e Tailândia. Alguns números da devastação:
- 226.306 vítimas (quantas crianças ficaram órfãs?)
- 1,8 milhão de desabrigados
- 469 mil imóveis danificados ou destruídos
- US$ 10,7 bilhões em prejuízo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O mal está apenas na alma humana?

Por Saulo Alves de Oliveira

A existência do mal é algo que muito me incomoda.

Refletindo sobre o mal eu imaginei duas famílias de animais na savana africana. Um leopardo fêmea com seus filhotes e uma impala com sua cria.

A mãe leopardo precisa matar a impala para se alimentar e assim produzir leite para alimentar seus filhotes, e dessa forma perpetuar seus genes e sua espécie. O leopardo ataca a vítima sufocando-a com uma mordida no pescoço, inflingindo-lhe grande sofrimento. Primeiro vem o medo, em seguida a tentativa desesperada de fugir das garras da fera e, finalmente, a morte por sufocamento.

Do ponto de vista do leopardo, trata-se de um grande bem para si e seus filhotes, não há dúvida. Se não fora assim, tanto a mãe quanto os filhotes morreriam de fome.

E do ponto de vista da impala, um bem ou um mal? Sem sua mãe, sua protetora, com certeza o filhote de impala não sobreviverá. Certamente morrerá de fome ou devorado por outro predador. A Natureza é assim, cruel e implacável com os fracos, velhos ou doentes.

Alguém já disse que a Natureza não é cruel, mas apenas indiferente ao sofrimento.  

Não é porque é uma "lei de Deus" ou uma lei natural que deixa de ser um mal. Animais matando-se uns aos outros para sobreviver, e às vezes com requintes de crueldade.

Certa vez eu vi em um programa de TV dois filhotes de guepardo, talvez por inexperiência, devorando uma jovem gazela ainda viva, mordendo e rasgando a parte traseira do animal que não tinha forças para fugir.

A cadeia alimentar é uma das coisas mais terríveis e injustas que a Natureza já produziu, pois impõe muita dor e sofrimento aos seres vivos sem o consentimento destes. E isso, na minha ótica, também é o mal.

Talvez se o filhote de impala pudesse falar ele dissesse que o mal não se encontra apenas na alma humana.  

E aí vem uma outra questão das mais importantes: tudo isso é muito mais compatível com o evolucionismo do que com um ato criador de Deus.

Por que a vida não sobrevive de seres inanimados, como as rochas, por exemplo? Por que não alimentar-se diretamente dos elementos ou substâncias químicas que compõem a Natureza, evitando-se assim tanto sofrimento desnecessário?

Se eu fosse Deus teria adotado essa solução.

Existe algum exemplo disso? Sim, o espetacular caso da água. "Comemos" ou ingerimos o precioso líquido sem causar sofrimento a nenhum ser vivo.

sábado, 1 de novembro de 2014

Realidade ou delírio?

Por Saulo Alves de Oliveira

Não se pode afirmar que uma pessoa está mentindo quando ela diz que viu, ouviu ou sentiu algo que somente ela viu, ouviu ou sentiu. Refiro-me a fatos extraordinários que fogem ao racional. Se se trata de alguém conhecido pelo seu caráter honesto, certamente não está mentindo.

No entanto, não temos nenhuma obrigação de acreditar que algo é real se não nos forem apresentadas evidências convincentes de que o que foi visto, ouvido ou sentido não é simplesmente fruto da mente humana, isto é, do medo, de uma autossugestão ou tão somente delírios de um fanático.

A mente humana pode nos fazer ver, ouvir ou sentir coisas que não são reais.

Anõezinhos atrás das portas, duendes nos jardins, sonhos ou visões aterradoras do inferno, testemunhos fantásticos de coisas incomuns, vozes e vultos estranhos, e por aí vai.

Estando sozinho em casa, especialmente à noite, você já teve medo ou pavor de alguma coisa que pensou ser real e depois constatou que simplesmente não passava de fruto da sua imaginação?

Certa vez um senhor contou que estava internado num hospital e viu um anjo de branco entrar em seu quarto para curá-lo. O interessante é que ele estava no hospital exatamente porque havia se submetido a uma cirurgia. Por que o anjo não o curou em casa sem que precisasse ser operado? Parece que muitas vezes Deus precisa de uma “mãozinha” do médico.

Não é difícil alguém, ainda sob efeito da anestesia ou de algum outro medicamento sedativo, confundir um médico vestido de branco que entra em seu quarto de hospital com um ser angelical, especialmente se em sua mente os anjos são uma realidade.

Eu não posso afirmar categoricamente que ele não viu um anjo, nem posso afirmar que estava mentindo, mas posso dizer que a evidência de que ele realmente viu um anjo é muito frágil e, para mim, pouco convincente.         

Experiência pessoal.

Quando eu tinha meus doze anos de idade tive de dormir sozinho em uma sala onde havia um quadro com o rosto de uma pessoa que já havia morrido há algum tempo. Ao olhar para o quadro eu “percebia” que os olhos me acompanhavam. E isso me deixou assustado.

Felizmente meus pais sempre foram compreensivos comigo e me socorreram.

Onde estavam aqueles olhos que se moviam? Apenas na minha mente, é óbvio. 

Desculpem-me os muito crédulos, mas para mim é simples assim.

Conte-me histórias fantásticas, mas apresente-me provas fantásticas.