segunda-feira, 12 de maio de 2014

Parabéns Sílvia

Querida Filha,

Há trinta e três anos nasceste. Era uma madrugada radiante. Para nós, teu pai e tua mãe, diferente de todas as outras. Chegara a tão esperada “Sílvia” dos meus sonhos de criança.

Na primeira vez que te vi, poucos minutos após teu nascimento, algo me chamou a atenção: teus dedos finos e longos. Pensei: será uma mulher alta e bonita. Percebi, já na adolescência, fui um profeta.

Neste teu aniversário, recebas os meus parabéns.

E mais: desejo com todo o ardor da minha alma e amor no coração que realizes todos os teus sonhos junto com nossa pequena e querida Paola.

Tu és uma pessoa muito especial. Companheira daquelas conversas especiais acerca de Deus, do Cosmos, da vida e seu sentido...

Que tu penses, neste momento, no maior de todos os filósofos, no maior de todos os escritores, no maior cientista que a Terra já abrigou, no mais importante político de todos os tempos, no ser humano mais inteligente, ou em qualquer outro ser humano brilhante.

Pensaste? Então, saibas que para mim tu és muito mais importante do que qualquer um deles.

Jamais te consideres menor do que aquele que se acha grande nem maior do que aquele que as outras pessoas julgam o menor. Todos somos animais humanos. Nascemos da mesma forma e terminaremos da mesma forma. Já dizia o Eclesiastes: “...todos são pó, e todos ao pó retornarão”. Portanto, não há razão para orgulho e soberba. Só os estultos não entendem isso.

Que tu continues sendo essa pessoa questionadora que não se conforma com explicações irracionais ou fantasiosas acerca da vida.

Recebas um forte abraço e um grande beijo deste pai que te ama e que sempre estará ao teu lado.

Saulo

Em 07/05/2014

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sobre o mal

Sempre questionei a existência e o porquê do mal. Se eu fosse Deus não o teria criado. Acho que jamais entenderei, com os olhos da razão, esse processo de surgimento e existência do mal entre os seres vivos. Digo seres vivos porque o mal não é exclusividade dos seres humanos.    

Nós temos duas gatas em nossa casa. Uma de comportamento similar aos outros gatos que já viveram conosco, isto é, se satisfaz com a alimentação “artificial” que lhe oferecemos todos os dias. A outra – “batizada” com o nome Sara pela minha neta – tem hábitos comuns aos animais que vivem na natureza, bem diferentes de todos os outros gatos que já se foram. Ela é uma exímia caçadora. Às vezes, pela manhã, quando abro a porta da área de serviço só encontro as penas dos pássaros devorados durante a noite. Por vezes encontro apenas a cabeça de uma lagartixa no quintal de casa.

Suas vítimas: pássaros, ratos, lagartixas, borboletas e outros insetos. Diversas vezes tive de resgatá-las das suas garras e dentes. O interessante é que, antes de devorar a presa, ela brinca com o animal até as forças deste se esgotarem, numa atitude “cruel” que mais parece sadismo.

Você já viu um bando de leões devorando uma zebra ou um búfalo? Um verdadeiro espetáculo de brutalidade e morbidez. É óbvio, Sara e os leões não têm consciência do mal e o fazem por instinto, como todos os outros predadores na natureza, entretanto isso não elimina a maldade intrínseca em seus atos. 

Então alguém me diz: o homem é o culpado de todo o mal, pois rejeitou Deus e, por esse motivo, a maldade entrou no mundo e alcançou toda a Terra e seus habitantes. E complementa: os seres humanos sofrem pela desobediência de Adão e Eva e porque não querem se submeter à vontade soberana de Deus que é perfeita e boa.

Na realidade, nem eu nem você nada temos a ver com o pecado dos primeiros pais. Eles devem pagar pelos seus erros e nós devemos pagar única e exclusivamente pelos nossos pecados. Como nós podemos ser responsabilizados por algo que se passou, segundo o criacionismo, ressalte-se, há cerca de 6.000 anos? Nada mais sem sentido.

E tem alguns complicadores nessa história.

Quantos se submetem à vontade de Deus, todavia levam uma vida de sofrimento e dor! Ou você não conhece alguém assim? Portanto, a premissa de que o homem sofre porque não se submete à vontade de Deus não é absoluta.

Quantos nascem em sofrimento, vivem as consequências da maldade humana, sofrem, sofrem, sofrem... e morrem sem ao menos alcançar a idade da razão, isto é, a consciência do pecado! Portanto, a premissa de que alguém sofre em consequência dos seus próprios pecados também não é absoluta.

Que pecado cometeu o garoto Bernardo Boldrini para sofrer o que sofreu e ter a morte que teve com apenas 11 anos de idade? Para citar só um caso dentre inúmeros outros.

Reflita.

Pense nessas questões.

Saulo Alves de Oliveira