domingo, 1 de setembro de 2013

Sejam bem-vindos, cubanos

E nos desculpem pela falta de educação de alguns dos nossos irmãos brasileiros.

No último dia 26, em Fortaleza/CE, médicos cubanos, que aqui vieram trabalhar honestamente atendendo a um chamamento do governo brasileiro, foram recepcionados pelos seus colegas brasileiros com xingamentos e discriminação.

Os cubanos tiveram de passar por um “corredor polonês formado por brasileiros sob vaias e gritos de “escravos”. 

Se os médicos brasileiros não concordam com o programa Mais Médicos, deveriam criticar a presidente Dilma ou o ministro Alexandre Padilha, não os cubanos.

É uma questão de educação, ou melhor, de falta de educação. Como alguém pode criticar e xingar pessoas que nunca lhe fizeram mal? Esse tipo de reação não se coaduna com a postura de profissionais que se julgam elite no Brasil. Eles deveriam ser elite no quesito educação e na formação de respeito ao ser humano.

A propósito do tema “médicos cubanos”, uma colega fez o seguinte comentário: “Pois é, [eles] só querem ganhar um trocadinho pra comprar novos eletrodomésticos e servir de mula pra levar nosso dinheiro para o regime cubano...”

Realmente, não precisava ser assim, o dinheiro poderia ficar aqui mesmo, era só os médicos brasileiros não boicotarem o Mais Médicos.

O dinheiro que vai ser repassado ao governo cubano é justamente para melhorar a saúde do povo mais carente do Brasil. Deveria ficar aqui mesmo, se os profissionais brasileiros tivessem aderido ao programa Mais Médicos, mas eles não só não aderiram, eles fizeram pior: boicotaram o programa.

Ademais, não vejo problema nenhum em pagar a Cuba pelos serviços dos seus profissionais médicos. Cada país exporta o que tem de melhor, e Cuba tem um sistema de saúde de boa qualidade, muito melhor que o do Brasil. Vergonhosa está sendo a atitude dos nossos médicos, que "não querem entrar" e ainda "pretendem impedir a entrada de quem quer".

Talvez os médicos cubanos não tenham a visão mercantilista de grande parte dos nossos médicos. Parece que a medicina cubana tem uma visão mais humanista. Será que é essa mudança de paradigma que tanto temem os nossos profissionais?  

Cuba é um país pobre. Talvez um "trocadinho" seja suficiente para o padrão de vida do seu povo.

Talvez os cubanos, socialistas – na realidade, nem sei se todos os médicos o são – , estejam cumprindo, sem o saber, as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: "...tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes... Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males...", 1 Tm. 6.7-10, e dando-nos uma lição de humildade.

Parece-me que muitos cristãos, que se dizem cumpridores da Bíblia – será? –, e que estão combatendo sem tréguas o Mais Médicos, estão precisando dessa lição de humildade.

Lamentavelmente, o fundamentalismo e, muitas vezes, a fé cegam as pessoas.

Saulo Alves de Oliveira