terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O massacre em Connecticut

Não raras vezes, meio que estupefato, eu me pergunto: por que a religião às vezes leva pessoas normais, inteligentes e com boa formação cultural, além do fato de serem religiosas, a aceitarem tranquilamente como normais certas ideias tão absurdas?

No dia 14 de dezembro passado, o jovem Adam Lanza, de 20 anos, após matar a mãe em casa, dirigiu-se a uma escola primária na cidade de Newtown, em Connecticut, EUA, e assassinou, a tiros, cruel e covardemente, 20 crianças de 6 e 7 anos, além de 6 adultos, todos inocentes. Depois do ataque, suicidou-se.

Para entender melhor o meu comentário, sugiro clicar aqui e assistir o vídeo “Onde estava Deus no massacre em Connecticut?”.

Em resumo, o que esse senhor está dizendo é que 27 pessoas foram barbaramente assassinadas por que os norte-americanos estão afastando Deus das suas vidas. Ou seja, mais uma vez Deus permitiu que inocentes pagassem por pecados que eles não cometeram, pois certamente Ele poderia ter evitado o massacre.

Inacreditavelmente existe algo ainda pior. Tem alguém que prega que se aquelas crianças morreram daquela forma, foi porque Deus decidiu tirar suas vidas exatamente assim, assassinadas por um louco. Fanatismo e fundamentalismo no mais alto grau. Para não adjetivar esse pensamento de forma mais agressiva.  
 
Se Deus podia evitar e não evitou, seria Ele um sádico que se compraz com o massacre de 20 crianças com idade de 6 e 7 anos, além de seis adultos, em uma escola infantil? Faço questão de ressaltar: crianças de 6 e 7 anos. Ainda que fossem todos adultos, vale a pergunta.

Seria Deus um déspota rancoroso e vingativo que deixa alguém matar (ou seria: manda matar?) pequenos seres humanos que ainda nem sequer sabem o que é o pecado ou a maldade humana?

Aquelas crianças estavam pagando o quê? Quais foram seus crimes? Há coisas que só cabem na cabeça de pessoas doentes ou deformadas por anos de doutrinação equivocada, para usar um eufemismo.

E tudo isso porque o povo norte-americano está se distanciando de Deus! DEUS NÃO TEVE NADA A VER COM ISSO! (Quando se escreve tudo em maiúsculas, é porque a pessoa está gritando)

Nem se todos os norte-americanos fossem ateus, tal episódio teria essa justificativa. Ser crente ou ateu é um direito de qualquer ser humano.

Se não fosse assim, ateus empedernidos como Bertrand Russel, José Saramago, Oscar Niemeyer, e muitos outros, não teriam vivido tanto tempo e morrido em idade avançada e de causas totalmente naturais.

Por outro lado, quantos crentes sinceros morrem em acidentes horríveis ou de doenças as mais terríveis possíveis! Você já parou para pensar sobre isso?

Violência e criminalidade não estão obrigatoriamente relacionadas a crença ou sua falta. Faça uma pesquisa acerca desse tema, talvez você se surpreenda com o resultado.  

Esse crime horrendo, inominável, que chocou todo o mundo, é fruto de uma mente doentia, como tantas outras que andam por aí, e de outros problemas sociais, e do fácil acesso às armas que têm todos os norte-americanos.    

Segundo o UOL Notícias, de 16/12/12:
“O motivo da omissão das principais lideranças políticas americanas é bem conhecido: segundo as sondagens, 73% dos americanos se opõem à qualquer restrição ao porte de armas. Sabe-se também que o número de armas na mão dos americanos passou de 200 milhões em 1995, para 270 milhões nos dias de hoje.
Segundo uma reportagem do "Washington Post", as cifras mostram que a média per capita dos Estados Unidos - 9 armas para cada 10 americanos - é a maior do mundo. No mundo desenvolvido, os EUA tem a segunda mais alta taxa de assassinatos por armas de fogo, inferior somente à taxa do México, atravessado pela guerra dos cartéis de narcotraficantes.”  
Portanto, é quase uma arma de fogo para cada cidadão dos Estados Unidos. São muitas armas, inclusive rifles de guerra, nas mãos dos civis norte-americanos.

Talvez isso explique em parte a ocorrência de tantas tragédias similares naquele país.

Não é apresentando um deus (o “d” minúsculo não foi engano) carrasco e sanguinário que os crentes vão ganhar, para o Evangelho, pessoas que têm a capacidade de pensar e de analisar os fatos. É um enorme engano. Os impressionáveis e mais crédulos, talvez.

O interessante é que esse senhor do vídeo afirma que “Tão logo a tragédia aconteceu, Deus acabou se mostrando sim. Se mostrou na vida de professores que colocaram suas vidas entre o atirador e seus estudantes. Se mostrou nos policiais que correram para a escola sem saber se seriam atingidos por uma saraivada de balas....” 

Pergunto: como isso cabe na cabeça de alguém? Afinal, Deus chegou atrasado?

Sem mais palavras.    

Saulo Alves de Oliveira