quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Muito obrigado Doutor

Depois de ler ou escutar certos comentários, eu me descubro refletindo acerca de temas como este ou assemelhados.

Dia desses eu estava pensando...

Há uma atitude no meio cristão que eu não consigo assimilar muito bem.

Como qualquer ser humano, os cristãos adoecem, passam por graves problemas de saúde, vão aos médicos, se submetem a exames nos laboratórios, tratam-se nos hospitais, se submetem a cirurgias, tomam medicamentos e se recuperam. São curados das doenças.

Depois, dão graças a Deus e às orações dos irmãos de fé e dos seus familiares. E a história termina por aí.

Quem abriu o tórax do cardíaco e colocou uma ponte de safena, salvando sua vida? Quem extraiu o apêndice inflamado que poderia tê-lo matado? Quem retirou aquele cálculo do ureter que tanta dor causava (experiência própria), sem precisar cortá-lo?

Nem sequer uma só palavrinha sai dos seus lábios em agradecimento aos doutores e aos hospitais que cuidaram deles.

Afinal de contas eles não ficaram em casa esperando apenas pelos céus! Ou ficaram?

Eu vejo isso constantemente nos púlpitos das igrejas evangélicas. A medicina é relegada a segundo plano, quando não esnobada.

Aqueles que julgam a medicina de pouco valor e não lhe dão o devido crédito deveriam ficar em casa apenas orando, contorcendo-se em dores.

Saulo Alves de Oliveira

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Os pastores mais ricos do Brasil

Revista Forbes divulga nomes dos cinco pastores mais ricos do Brasil. Clique aqui para saber quem são eles.

Entretanto, penso cá com meus botões, todos são apenas milionários, em dólares, é verdade. Já em reais é outra coisa, pelo menos um... Mas, coitados! Ainda estão longe de chegar à casa dos “bi” na moeda do Tio Sam. Somente um está pertinho de chegar lá. Talvez o mais famoso.

Eu acho, no entanto, que eles não “obrigam” ninguém a dar. Os fiéis dão de livre e espontânea pressão psicológica. Acho até que os membros das suas igrejas devem dar mais e mais dízimos e ofertas. O que ainda é pouco, pois eles precisam chegar à casa dos "bi". Então que venham os trízimos, quatrízimos... novízimos... Comprem mais livros, bíblias, cds, dvds, revistas e jornais de suas editoras; comprem muitas e muitas toalhinhas ungidas, fronhas ungidas, óleo ungido, água “benta” etc; associem-se; ofertem com cartão de crédito, de débito, cheque especial, façam empréstimos junto aos bancos, doem seus próprios bens; tudo isso para ajudá-los a aumentar os seus patrimônios, pois eles precisam viver bem e confortavelmente. Afinal, são “grandes homens” de Deus e não de Mamon.

Jatinho particular, carrões importados – é bom que sejam blindados, vai que o anjo toscaneje –, mansões em praias e no campo, fazendas, apartamentos nos melhores lugares etc. Eles não estão tirando muitas almas do poder de Satanás? Então merecem todas as regalias que o fiel comum não tem. Se o preço é esse, tudo bem.

Ganhar muito dinheiro lhes permite ter uma vida muito boa, confortável e, consequentemente, toda tranquilidade para trabalhar, viajando só de jatinho particular e morando em luxuosas mansões, pois assim viverão muitos anos mais e terão mais tempo para dedicarem à “obra” de Deus (?).

E os pastores das outras igrejas, inclusive da Assembléia de Deus, apareçam nos meios de comunicação para defendê-los, pois eles só estão ajudando a transformar o Brasil numa nação evangélica. Não é o sonho de todos os pastores? Isso não é bom para o país? Não interessam os meios, não é verdade? 

Um desses... desses... desses... bom, é melhor eu não citar a palavra que me veio à mente. Um similar americano, que gosta de derrubar os incautos (eu vi um deles aqui em Natal há alguns anos), em uma entrevista para um documentário chamado “Milagres”, exibido no canal Discovery a tempos atrás, deu uma resposta bem esclarecedora. Quando lhe questionaram sobre o fato dos recursos da maioria dos pregadores provirem de pessoas humildes – e muitas em sérias dificuldades financeiras – em contraste com a opulência demonstrada por esses pregadores, ele respondeu:

"Embora eu receba um bom salário e more com conforto, embora eu voe em um avião particular, quero lhe explicar por que faço assim. Se eu não voasse em um avião particular, logo estaria esgotado. Então é um benefício, vou durar mais tempo. Serei mais produtivo para o reino de Deus... Não vejo nenhum problema no modo como angariamos os fundos. A maioria só doa porque acha que Deus os está levando a doar, não porque alguém pediu."

Quanto cinismo!

É isso, meus amigos. Se o povo quer assim, o que é que se pode fazer?

Talvez o poder público devesse intervir nesse verdadeiro mercado da fé, como Jesus fez no templo. Aí com certeza os crentes vão dizer que é perseguição religiosa. E os porta-vozes do protestantismo vão bradar que “O Diabo quer barrar o crescimento do evangelho no Brasil”.

E eles, os “forbianos”, serão os primeiros a gritar, especialmente um que se destaca pelo destempero verbal e pelos gritos histéricos contra seus desafetos. Você também?

O interessante é que eles sabem usar a Bíblia direitinho para atingir seus objetivos. É lamentável que a Bíblia dê margem a tantas interpretações oportunistas. E eu sempre me pergunto: por que, se é a Carta de Deus?

Saulo Alves de Oliveira

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Parece que não há limites para leviandades (*)

Eu sou um otimista. Apesar dos crentes de um modo geral afirmarem que só se deve confiar em Deus, eu ainda acredito no ser humano.

Acredito que o Brasil ainda será um país melhor, com menos corrupção, menos (ou sem) miséria, sem fome, com boas escolas públicas, com melhor assistência médica etc.

Para minha tristeza, no entanto, em certos momentos esse meu otimismo parece querer dar um passo atrás. Alguns seres humanos me causam essa frustração. Existem pessoas totalmente irresponsáveis. Talvez a palavra correta seja mesmo levianas. E lamentavelmente nem sempre são pessoas de menor responsabilidade social. Às vezes são pessoas que deveriam ser exemplo para os outros, como os pastores.

Se você não gosta de alguém, de um partido político ou de uma determinada instituição, você pode criticá-los por isso, é seu direito. Felizmente, como não querem alguns que amam entregar o seu destino e o destino da Nação nas mãos de uma só pessoa ou de um pequeno grupo, como é o caso das ditaduras, nós vivemos em uma democracia. Agora divulgar notícias falsas, que denigrem imagens de pessoas ou instituições, sem saber nem quais são os interesses escusos que há por trás, é de uma indignidade sem tamanho.

Um dos alvos preferenciais no momento é o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente.

Há alguns meses divulgaram uma capa falsa da revista Forbes informando que o Lula era uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna de cerca de U$ 2 bilhões de dólares.

Recentemente divulgaram uma capa falsa da revista Veja com uma imagem do Lula chorando. A manchete é a seguinte: “Interpol descobre desvio de mais de U$ 500 bilhões em paraíso fiscal em nome de 18 integrantes do PT”.

(Eu sei que a revista Veja teria o maior prazer em dar essa notícia. Certamente seus membros e muitos dos seus leitores iriam ao delírio).  

E quem repercutiu essas notícias falsas? Pasmem: um pastor! De quem menos se esperaria tal atitude, quaisquer que sejam suas convicções políticas. Tal pastor é rápido para divulgar qualquer notícia negativa envolvendo Lula ou o PT, e na ânsia para desacreditá-los comete o que eu classifico de pecado da leviandade.   

Ele sabe que não é assim que se deve proceder. Eu não vou citar versículos bíblicos para justificar minha opinião, não é preciso, pois qualquer pessoa que tem a cidadania correndo em suas veias sabe como se deve proceder. Antes de divulgar qualquer informação, deve-se checar se a notícia é verdadeira ou falsa, mormente quando agride a integridade moral de alguém ou de uma instituição. É o básico da responsabilidade social e do bom caráter.

Eu não estou defendendo o Lula. Não estou dizendo que o Lula é inocente de quaisquer acusações. Eu estou usando o seu exemplo porque ele está em evidência. Porém, isso vale para qualquer pessoa em qualquer situação.

Eu pessoalmente não gosto de alguns partidos políticos e de alguns de seus membros e neles jamais votarei. Acho mesmo que alguns são corruptos e que trabalham por outros interesses, os quais não são os interesses da Nação. Todavia, nem por isso eu vou forjar ou repercutir notícias acusando-os sem provas. Isso é de uma indignidade sem tamanho. É, no mínimo, prova de um caráter duvidoso. É disputar com Maquiavel quem vence o campeonato da baixeza moral.    

Saulo Alves de Oliveira

Em tempo: se você quiser ver quem forjou a capa da Veja, vá ao Facebook e digite “Política e Ética” em Pesquise pessoas, locais e coisas. Por incrível que pareça, é isso mesmo, “Política e Ética”. É uma gritante inversão de valores. E o autor dessa baixeza moral afirma cinicamente que é “uma postagem despretensiosa”.

(*) Para usar um eufemismo     

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O massacre em Connecticut

Não raras vezes, meio que estupefato, eu me pergunto: por que a religião às vezes leva pessoas normais, inteligentes e com boa formação cultural, além do fato de serem religiosas, a aceitarem tranquilamente como normais certas ideias tão absurdas?

No dia 14 de dezembro passado, o jovem Adam Lanza, de 20 anos, após matar a mãe em casa, dirigiu-se a uma escola primária na cidade de Newtown, em Connecticut, EUA, e assassinou, a tiros, cruel e covardemente, 20 crianças de 6 e 7 anos, além de 6 adultos, todos inocentes. Depois do ataque, suicidou-se.

Para entender melhor o meu comentário, sugiro clicar aqui e assistir o vídeo “Onde estava Deus no massacre em Connecticut?”.

Em resumo, o que esse senhor está dizendo é que 27 pessoas foram barbaramente assassinadas por que os norte-americanos estão afastando Deus das suas vidas. Ou seja, mais uma vez Deus permitiu que inocentes pagassem por pecados que eles não cometeram, pois certamente Ele poderia ter evitado o massacre.

Inacreditavelmente existe algo ainda pior. Tem alguém que prega que se aquelas crianças morreram daquela forma, foi porque Deus decidiu tirar suas vidas exatamente assim, assassinadas por um louco. Fanatismo e fundamentalismo no mais alto grau. Para não adjetivar esse pensamento de forma mais agressiva.  
 
Se Deus podia evitar e não evitou, seria Ele um sádico que se compraz com o massacre de 20 crianças com idade de 6 e 7 anos, além de seis adultos, em uma escola infantil? Faço questão de ressaltar: crianças de 6 e 7 anos. Ainda que fossem todos adultos, vale a pergunta.

Seria Deus um déspota rancoroso e vingativo que deixa alguém matar (ou seria: manda matar?) pequenos seres humanos que ainda nem sequer sabem o que é o pecado ou a maldade humana?

Aquelas crianças estavam pagando o quê? Quais foram seus crimes? Há coisas que só cabem na cabeça de pessoas doentes ou deformadas por anos de doutrinação equivocada, para usar um eufemismo.

E tudo isso porque o povo norte-americano está se distanciando de Deus! DEUS NÃO TEVE NADA A VER COM ISSO! (Quando se escreve tudo em maiúsculas, é porque a pessoa está gritando)

Nem se todos os norte-americanos fossem ateus, tal episódio teria essa justificativa. Ser crente ou ateu é um direito de qualquer ser humano.

Se não fosse assim, ateus empedernidos como Bertrand Russel, José Saramago, Oscar Niemeyer, e muitos outros, não teriam vivido tanto tempo e morrido em idade avançada e de causas totalmente naturais.

Por outro lado, quantos crentes sinceros morrem em acidentes horríveis ou de doenças as mais terríveis possíveis! Você já parou para pensar sobre isso?

Violência e criminalidade não estão obrigatoriamente relacionadas a crença ou sua falta. Faça uma pesquisa acerca desse tema, talvez você se surpreenda com o resultado.  

Esse crime horrendo, inominável, que chocou todo o mundo, é fruto de uma mente doentia, como tantas outras que andam por aí, e de outros problemas sociais, e do fácil acesso às armas que têm todos os norte-americanos.    

Segundo o UOL Notícias, de 16/12/12:
“O motivo da omissão das principais lideranças políticas americanas é bem conhecido: segundo as sondagens, 73% dos americanos se opõem à qualquer restrição ao porte de armas. Sabe-se também que o número de armas na mão dos americanos passou de 200 milhões em 1995, para 270 milhões nos dias de hoje.
Segundo uma reportagem do "Washington Post", as cifras mostram que a média per capita dos Estados Unidos - 9 armas para cada 10 americanos - é a maior do mundo. No mundo desenvolvido, os EUA tem a segunda mais alta taxa de assassinatos por armas de fogo, inferior somente à taxa do México, atravessado pela guerra dos cartéis de narcotraficantes.”  
Portanto, é quase uma arma de fogo para cada cidadão dos Estados Unidos. São muitas armas, inclusive rifles de guerra, nas mãos dos civis norte-americanos.

Talvez isso explique em parte a ocorrência de tantas tragédias similares naquele país.

Não é apresentando um deus (o “d” minúsculo não foi engano) carrasco e sanguinário que os crentes vão ganhar, para o Evangelho, pessoas que têm a capacidade de pensar e de analisar os fatos. É um enorme engano. Os impressionáveis e mais crédulos, talvez.

O interessante é que esse senhor do vídeo afirma que “Tão logo a tragédia aconteceu, Deus acabou se mostrando sim. Se mostrou na vida de professores que colocaram suas vidas entre o atirador e seus estudantes. Se mostrou nos policiais que correram para a escola sem saber se seriam atingidos por uma saraivada de balas....” 

Pergunto: como isso cabe na cabeça de alguém? Afinal, Deus chegou atrasado?

Sem mais palavras.    

Saulo Alves de Oliveira