sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Carta à minha neta – As estrelas

Imagem registrada pelo telescópio espacial Herschel, divulgada pela Agência Espacial Europeia (AEE), que mostra a formação de estrelas
Querida Paola,

Faz um bom tempo que eu não lhe escrevo. Agora que você completou 5 anos quero aproveitar a oportunidade para lhe falar sobre as estrelas.

Se eu lhe perguntar “O que são as estrelas?”, é razoável admitir que, como qualquer criança a partir dos 4 ou 5 anos de idade, acertadamente você me responderá: “São aqueles pontinhos luminosos que brilham lá em cima no céu noturno”. Acredito que praticamente todas as pessoas em todo o mundo são capazes de identificar as estrelas dessa forma. Mas o Sol, que também é uma estrela, não é um simples pontinho luminoso no céu. Dizendo de outra forma: todas as estrelas também são sóis. Então, por que há essa discrepância tão grande?

Agora complicou, não é Paola? Não, não complicou. A explicação é simples. A diferença é que a “nossa” estrela, o Sol, está muito perto da nossa Terra e as outras estrelas estão muito, muito distantes.

Veja bem, a distância do Sol à Terra é de cerca de 150 milhões de quilômetros. Uma distância muito grande quando comparada às distâncias percorridas na Terra por quaisquer meios de transporte, mas insignificante quando comparada às distâncias das outras estrelas.

Um avião deslocando-se ao redor do nosso planeta, acima da linha do equador, percorreria apenas cerca de 40 mil quilômetros até chegar ao ponto de partida.

Também é uma distância muito grande para o atual estágio tecnológico da humanidade. Os foguetes mais rápidos já projetados pela engenhosidade humana mal atingem a velocidade de 65 mil quilômetros por hora. Portanto, uma nave deslocando-se com essa velocidade em direção ao Sol demoraria 96 dias para chegar ao seu destino final. No entanto ela jamais chegaria lá, pois, levando-se em conta a alta temperatura da “nossa” estrela, que é de cerca de 6.000 °C na superfície, a nave seria destruída muito antes.

Por sua vez, a estrela mais próxima da Terra – depois do Sol, obviamente – é Próxima Centauro, cuja distância é de aproximadamente 40,7 trilhões de quilômetros. Compare as duas distâncias: Próxima Centauro está 271 mil vezes mais distante que o Sol. Portanto, esta é a razão de nós vermos o Sol como essa maravilhosa bola incandescente que nos dá luz, calor e vida, e as demais estrelas apenas como pontos luminosos no céu.

Uma curiosidade: Próxima Centauro faz parte de um sistema triplo de estrelas chamado Alfa Centauro. O interessante é que a maioria das estrelas no céu é parte de sistemas duplos ou múltiplos. Nosso solitário Sol é quase uma anomalia (Carl Sagan, em Cosmos).

Mais uma informação que talvez ajude você a compreender melhor quão distantes estão as estrelas da Terra e porque a luminosidade aparente delas é tão pequena em relação à do Sol. A luz do Sol demora cerca de 8 minutos, só 8 minutos, para chegar até nós, enquanto a luz de Alfa Centauro gasta cerca de 4,3 anos para nos atingir. Na realidade, quando olhamos para Alfa Centauro no céu nós estamos vendo o seu passado há 4,3 anos.

Bom, vamos complicar um pouquinho. Você sabe de que são feitas as estrelas? Acho que não, hein Paola?    

No seu “nascimento”, isto é, em sua origem, as estrelas são formadas por gás hidrogênio, que depois se transforma em gás hélio através de reações nucleares. O hélio por sua vez se transforma em outros elementos químicos.

Tudo começa assim: gigantescas nuvens de hidrogênio começam a se contrair devido a atração gravitacional, que tende a concentrar sua massa em um pequeno volume. O gás é comprimido pelo próprio peso. O gás comprimido se aquece a altas temperaturas. O gás aquecido cria uma reação contrária à implosão pela gravidade. Dá-se, então, um ponto de equilíbrio entre a gravidade que comprime e o gás aquecido que tende a se expandir. E o processo se estabiliza, interrompendo a implosão.

Em seguida, acontece o seguinte fenômeno: as altas temperaturas e as enormes pressões no interior das estrelas provocam reações nucleares que vão transformando o hidrogênio em hélio, e esse processo gera muita energia. E é exatamente essa energia que chega até nós na forma de luz e calor.

Depois de consumido parte do hidrogênio, a gravidade volta a vencer a “queda de braço” e a estrela começa a se contrair mais um pouco. E o processo se repete. O gás é comprimido pelo próprio peso. O gás comprimido se aquece a altas temperaturas. O gás aquecido cria uma reação contrária à implosão pela gravidade. Dá-se novamente o equilíbrio entre a gravidade que comprime e o gás aquecido que tende a se expandir. E as reações nucleares continuam a transformar hidrogênio em hélio e a gerar luz e calor.

Depois de consumido todo o hidrogênio, o processo de fusão continua juntando átomos de hélio e transformando-os em outros elementos, tais como: carbono, oxigênio, nitrogênio e ainda outros mais pesados, por exemplo, ferro, chumbo e urânio.

E esse processo continua até o fim da “vida” das estrelas, cuja “morte” pode gerar três tipos de “filhos”: anãs brancas, estrelas de nêutrons ou os exóticos e estranhos buracos negros.    

Estrelas menores, como o Sol, não atingem temperaturas e pressões suficientes para fundirem o hélio em outros elementos químicos muito pesados.  Depois de consumido todo o hidrogênio, a estrela passará a queimar o hélio e inflará até se tornar uma “gigante vermelha”. Depois de consumido todo o hélio, só restará um pequeno núcleo chamado de “anã branca” composto de carbono e oxigênio. “Nosso” Sol se encolherá até uma “anã branca” do tamanho da Terra.

Estrelas maiores que o Sol terminam seus dias numa espetacular explosão (supernova) e deixam um núcleo chamado de estrela de nêutrons. Estrelas ainda maiores dão origem a objetos esquisitos denominados buracos negros. A gravidade nos buracos negros é tão intensa que nada pode escapar do seu interior, nem mesmo a luz pode escapar das entranhas desses “monstros” do surpreendente Universo em que vivemos.

Bom, Paola, vou parar por aqui, pois as coisas estão ficando mais complicadas até para mim. Quem sabe um dia eu volte a lhe escrever para falar acerca desses estranhos “filhos” das estrelas!

Um beijo do seu avô.

Saulo         

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Por que tentam ferir letalmente o PT?

Eu não sou filiado ao PT, mas sempre fui simpatizante do Partido dos Trabalhadores. Votei no Lula cinco vezes e também votei na Dilma. E se no futuro, num possível segundo turno de uma eleição para a Presidência da República, estiverem o PT e qualquer um outro partido que se encontra dentro de determinada faixa do espectro político brasileiro, eu não tenho dúvidas em qual deverei votar. Porém, isso não quer dizer que eu estou satisfeito com o PT. Acho que o governo Lula ficou muito aquém do esperado e de certa forma me frustrou. Não se pode esquecer, todavia, que no governo Lula cerca de 40 milhões de pessoas ascenderam na pirâmide social brasileira e o Brasil foi projetado talvez  de forma inédita no cenário internacional.   
 
Quanto ao “mensalão”, se realmente existiu da forma como apregoa a mídia conservadora nacional, foi realmente um grande e inaceitável erro das lideranças do PT e merece uma punição exemplar.

No entanto, eu me pergunto: por que a grande mídia “bateu” tanto no governo Lula e agora “bate” tanto no governo Dilma? Trata-se simplesmente de altruísmo? Será que todos os seus porta-vozes estão realmente indignados com o “mensalão” simplesmente por idealismo? Ou ainda: será que é porque a mídia deseja acelerar o processo de transformação e melhoria das condições de vida dos brasileiros mais pobres?

Talvez o texto abaixo ajude a colocar um pouco de luz nessa questão.   
Leonardo Boff: Por que tentam ferir letalmente o PT?

por Leonardo Boff *

Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “Mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.

De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis.

Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático. Lamentavelmente houve a queda.

Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vêm da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.

Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.

A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”.

Ora, o PT e Lula vêm desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável.

Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.

A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo.

Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos,  ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração.

Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.

Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada.

Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência.

Essa utopia mínima é factível. O PT  se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.

* Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e doutor honoris causa em política pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.

(Transcrito de www.viomundo.com.br, de Luiz Carlos Azenha)
 Saulo Alves de Oliveira

sábado, 1 de setembro de 2012

Pequena reflexão sobre a Ciência

A Ciência busca descobrir as leis que regem os fenômenos da natureza, e nessa busca tem descoberto coisas fantásticas.

Eu estava pensando na Força da Gravidade, descoberta por Isaac Newton na segunda metade do século 17.

Vejam que coisa espetacular: a mesma Força da Gravidade que nos mantém presos à Terra, também mantém a Lua presa à Terra e girando ao seu redor.

É ela que permite à Terra ter uma atmosfera.

É ela que também prende a Terra em órbita do Sol.

É ela que permite a formação das estrelas.

É ela que faz com que as estrelas se juntem em aglomerados gigantescos chamados galáxias.

A Força da Gravidade tem influência em todo o Universo.

Eu, infelizmente, não sou um cientista, mas admiro muito o seu trabalho, pois este trabalho proporciona conhecimentos fundamentais acerca de como a Natureza funciona, e tal conhecimento realmente liberta as pessoas das crendices e superstições.

Se não fosse a Ciência talvez ainda hoje nós vivêssemos na escuridão da ignorância que julgava as doenças como castigos de Deus ao invés de considerá-las fenômenos naturais provenientes de mutações genéticas, ou dos vírus, bactérias e vermes que atacam os corpos, ou ainda de distúrbios emocionais.

Lamentavelmente, muitos dos que se valem das descobertas científicas não lhe dão o devido valor.

Ao contrário, a julgam algo de somenos importância.

Quando o paciente sai da UTI e se recupera, é um milagre. Quando o paciente morre, a culpa é da Medicina.

Eu não estou descartando a influência da fé, mas isso é um tema para outra conversa.

“Dai a César, o que é de César; a Deus, o que é de Deus.”

Eu espero que um dia a geração que substituirá a minha dê à Ciência a importância que ela merece pelo seu trabalho em prol da humanidade.

Saulo Alves de Oliveira